11/08/07

INDIA - Do PASSADO ao PRESENTE rumo ao FUTURO

" “Um prato de salada onde as coisas se misturam” Dizia Indira Ghandi, a ex-primeira ministra, para ilustrar a diversidade da Índia, um país que não pode ser reduzido a um ou outro cliché extremo. Made in Índia é um menu para entender o «eco-sistema» económico, social e geopolítico da democracia mais populosa do mundo, bem como as oportunidades geradas pela revolução económica iniciada em 1991. Oportunidades, mesmo ao nível pessoal – faltarão 500.000 profissionais por ano para empregos qualificados até 2010. Quando Vasco da Gama, ao fim de um ano de viagem, avistou Calecute, em 17 de Maio de 1498, andava à procura de um tal «Prestes João das Índias», que, jamais, acharia. Mais do que o «descobrimento» de um caminho marítimo, com a chegada à Índia, os navegadores portugueses de Quinhentos deram o pontapé de saída da primeira vaga de globalização, que marcaria o declínio do Oriente e a emergência das primeiras potências ocidentais globais. Nos 450 anos que passaram de permeio, os ocidentais retiveram da Índia as especiarias, a «jóia da Coroa» britânica, a miséria chocante, o Kama Sutra (Kamasutram, aforismos sobre o desejo), o Taj Mahal, o banho no Ganges e a figura ímpar de Ghandi. A Índia ficou reduzida a um conjunto de clichés e postais ilustrados que deixaram os europeus distraídos. Subitamente, no novo milénio, o mundo ocidental ‘redescobriu’ a Índia. Primeiro com os call-centres e os programadores baratos, depois com a implantação de centros de investigação pejados de cientistas e a emergência de Bangalore – considerado o Silicon Valley da Ásia – ou de Bollywood (o maior centro de produção cinematográfica do mundo). Ou, mais prosaicamente, como destino para uma cirurgia barata e para um pulo ao Taj Mahal ou ao paraíso turístico e gastronómico de Goa. Mas, a globalização não tem um único sentido. Os europeus e norte-americanos aperceberam-se com algum atraso que, só no último ano e meio, as multinacionais indianas já investiram 10 mil milhões de dólares em fusões e aquisições no estrangeiro. A aquisição recente mais mediática foi a do gigante europeu Arcelor. Também noutros campos menos falados, como o militar e o geopolítico, muito há a compreender. O livro está bem recheado de informação para o leitor ajuizar. Made in Índia, mais um livro da série sobre as economias emergentes, iniciada pelo Centro Atlântico com a publicação de Made in China (de Zhibin Gu), é uma obra de autor do próprio país, escrita com base na visão e na cultura de um insider, à semelhança do que ocorrera com o título anterior." _______________ Fonte: Centro Atlântico - Made in Índia: A próxima superpotência económica e tecnológica

Gastronomia Goesa

- Sarapatel - Caril - Chacuti - Bebinca Que saudades!:'-(

09/08/07

ANTIGA ÍNDIA PORTUGUESA

Dossier Goa 1961 2 de Janeiro de 2001 (Diário de Notícias): "Só soldados vitoriosos ou mortos" Na véspera da queda da Índia, Salazar pediu o sacrifício da vida aos três mil militares portugueses. Não os queria prisioneiros José Manuel Barroso Arquivo DN A 3 de Janeiro de 1962, António de Oliveira Salazar, o líder e fundador do regime do Estado Novo, não leu o mais doloroso discurso da sua vida política. Perante uma Assembleia Nacional aturdida pela queda da Índia Portuguesa, um Salazar afónico "com as emoções das últimas semanas" teve de recorrer ao presidente do parlamento, Mário de Figueiredo, para a leitura de um texto de reconhecimento e de justificação de uma derrota, que iniciava o fim do Império Colonial Português, sem sequer poder invocar a gesta patriótica dos milhares de soldados mortos. A 14 de Dezembro de 1961, três dias antes da invasão e ocupação do Estado Português da Índia (Goa, Damão e Diu) pelas forças da União Indiana, Salazar pedira aos soldados e marinheiros portugueses nos territórios um último sacrifício, o da vida. Mal armados e em número reduzido (cerca de 4 mil efectivos), perante as forças indianas invasoras (cerca de 50 mil militares do Exército, Marinha e Força Aérea), resistir significava uma cruel e inútil auto-imolação para os efectivos portugueses. Nos dois dias da invasão, resistiram o que puderam, morrendo 26 militares. Mas o contingente português acabou por se render, a 19 de Dezembro, tendo o governador, general Vassalo e Silva, ordenado a "suspensão do fogo" às suas tropas. Mais de 3 mil militares portugueses foram feitos prisioneiros pelo Exército indiano (entre os quais se encontrava o general Vassalo e Silva), os prisioneiros que Salazar não queria. Por isso puniu e perseguiu alguns dos oficiais em serviço na Índia - o que abriu dolorosa ferida nas Forças Armadas portuguesas e foi uma das raízes do derrube do regime de Salazar, doze anos depois da queda de Goa, Damão e Diu. Na mensagem que enviou, a 14 de Dezembro de 1961, ao governador e comandante-chefe português do Estado da Índia, Vassalo e Silva, o chefe do governo de Lisboa reconhecia a "impossibilidade de assegurar a defesa plenamente eficaz" dos territórios, mas pedia ao general que organizasse essa defesa "pela forma que melhor possa fazer realçar o valor dos portugueses, segundo velha tradição na Índia". E ainda: "É horrível pensar que possa significar o sacrifício total, mas recomendo e espero esse sacrifício como única forma de nos mantermos à altura das nossas tradições e prestarmos o maior serviço ao futuro da Nação". Sendo "impossível" a defesa "eficaz" dos territórios, dado a Índia poder multiplicar "por factor arbitrário" as suas forças de ataque - conforme Salazar reconhecia na sua mensagem - a ordem dada ao general Vassalo e Silva revelava-se inequívoca. "Não prevejo possibilidade de tréguas nem prisioneiros portugueses, como não haverá navios rendidos, pois sinto que apenas pode haver soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos". O telegrama de Salazar a Vassalo e Silva, ao reconhecer a "impossibilidade de assegurar a defesa", exigia mártires, que pudessem ser exibidos interna e externamente, em nome de uma política de intransigência que tinha como horizonte o futuro dos territórios ultramarinos de África - onde a guerra começara já (em Angola) nesse ano de 1961. Por isso, na sua mensagem à Assembleia Nacional, a 3 de Janeiro de 1962, Salazar invoca o princípio da soberania nacional, tal como o definia o ordenamento jurídico da Constituição do Estado Novo. "Nós não podemos negociar, sem nos negarmos e sem trairmos os nossos, a cedência de territórios nacionais, nem a transferência das populações que os habitam para soberanias estranhas", disse Salazar. Era o fundamento de uma política de resistência. A "questão da Índia" começara uma dezena de anos antes, com a independência da União Indiana. Desde 1948 que, directa ou indirectamente, as autoridades do novo país - a "jóia da Corôa" do império britânico - reclamavam a integração na grande Índia dos territórios que Portugal detinha sob sua administração, desde há quase cinco séculos (ler cronologia). Em 1950, o governo indiano solicita, formalmente, a Lisboa, a abertura de negociações, quanto ao futuro dos territórios portugueses. Portugal recusou sempre qualquer diálogo com a União Indiana. Em 1953, o primeiro-ministro indiano, Nehru, afirma que, face à recusa portuguesa, o seu país não vê outra solução que não seja "a tranferência directa que assegure a fusão daqueles territórios com a União Indiana". No seio do regime português discute-se a possibilidade de outras soluções, para preservar a autonomia dos territórios. Mas Salazar, reconhecendo embora que Goa (o maior dos três territórios) é, ele próprio, militarmente indefensável, entende que um plebiscito ou mesmo a independência não constituem soluções, uma vez que Nehru declara já as não aceitar. A ideia do plebiscito atraía, então, um sector importante do regime, como forma de demonstração, por parte de Portugal, do respeito pela vontade das populações da Índia Portuguesa e como argumento perante a comunidade internacional. Mas o precedente que abria, para o Ultramar, solidificou a intransigência de Oliveira Salazar - e levou à humilhação na Índia. Cronologia SÉC. XV. O objectivo estratégico de Portugal, neste período, era a descoberta do caminho marítimo para a Índia (1498, por Vasco da Gama). O historiador britânico Arnold Toynbee divide a história do mundo em duas fases, a do homem pré-gâmico e a do homem pós-gâmico. "A forma como as religiões cristã, indostânica e muçulmana se desenvolveram, lado a lado, em Goa, durante séculos e em mútuo respeito, constitui uma das características da presença portuguesa no Oriente". O controlo naval do Índico é uma meta. SÉC. XVI. D.João III define o seu conceito estratégico de "abandonar o norte de África, manter o possível na Índia e fazer o esforço no Brasil". SÉC. XIX. Depois da independência do Brasil (1822), o esforço estratégico de Portugal no Ultramar dirige-se para África. 1947. A Grã-Bretanha concede a independência à Índia. Nesse ano, o primeiro-ministro indiano, Nehru, afirma que o seu país dará todo o apoio ao povo de Goa para conseguir a libertação. 1948. O goês António Bruto da Costa escreve a salazar condenando o Acto Colonial e defendendo uma verdadeira autonomia administrativa do Estado Português da Índia. 1949. O governo indiano exige à Santa Sé a extinção do Padroado do Oriente, cessando o privilégio concedido a Portugal de designação de bispos para dioceses indianas _ reduzindo a Goa a arquidiocese de Goa. 1950. O governo indiano propõe ao governo português negociações para definição do futuro dos territórios portugueses na Índia. Lisboa rejeita a proposta. Negoceia com a Santa Sé a redelimitação da arquidiocese de Goa. 1954. A 30 de Novembro, em discurso na Assembleia Nacional, Salazar reconhece que Goa é indefensável militarmente. 1961. Redução dos efectivos militares portugueses na Índia (1960). A União Indiana ocupa militarmente o Estado Português da Índia e anexa Goa, Damão e Diu ao seu território. ______________ Fonte: Super Goa

INVASÃO E TOMADA DE GOA - DAMÃO e DIU

Nos dias 17/18 de Dezembro de 1961, durante a denominada Operação Vijaya, 50 000 tropas indianas apoiadas por blindados, artilharia, meios aéros (aviões de combate Canberra) e navais (1 porta-aviões) ocuparam militarmente Goa, Damão e Diu. Os 3500 militares portugueses e goeses tinham ordens de Salazar para lutar até à morte, sendo que o chefe-de-estado português comunicou que só esperava como resultado do combate "militares vitoriosos ou mortos". Contudo, o Governador Vassalo e Silva apercebeu-se da situação desesperada e perante o avanço dos indianos mandou recuar as forças e destruir todas as pontes e meios militares pelo caminho. Sem meios aéreos portugueses, a aviação indiana teve tarefa fácil ao destruir a torre de telecomunicações em Bambolim e a base militar em Dabolim. Pouco depois entravam em território de Goa, Damão e Diu as tropas da União Indiana, que ao contrário do que se esperava ainda se depararam com resistência de alguns militares portugueses, nomeadamente em Vasco da Gama, onde 500 militares fortemente armados obrigaram as forças indianas a combate. Também a fragata Afonso de Albuquerque entrou em combate à frente da barra de Mormugão, mas foi presa fácil para os modernos navios indianos que a afundaram. A destruição de pontes por parte dos portugueses fez também com que a ocupação total se tenha prolongado por mais de 2 dias, porque as tropas indianas não tinham meios para passar os rios de Mandovi (á frente de Pangim), e Zuari (a sul de Pondá). Como tal tiveram de pernoitar à espera de prosseguir em condições e para aceitarem a rendição das forças portuguesas em 19 de Dezembro de 1961. ______ Fonte: Super Goa