Filho de uma família humilde, este nosso conterrâneo procurou vida diferente daquela em que foi criado, na sua Terra Natal. Nascido na Villa da Lage, no Vale da Loba, no lugar e freguesia de Beijós, ficou órfão de pai quando tinha 15 anos. A vida, então, não era fácil na sua Aldeia, mas, para ele, a vida foi madrasta e impôs-lhe a lida da terra de sol-a-sol. O seu Pai partiu a 4 de Março de 1961. Como era hábito, todos os agricultores compravam a enxada no Inverno, para cavar as terras até Maio, de cada ano. A primeira herança que teve foi uma enxada nova, que o Pai comprara. Encabou essa ferramenta e dispôs-se a trabalhar com ela naquele ano de 1961. Acabou por romper essa enxada, entre Março e Junho, a cavar as terras para as Batatas e legumes e, seguidamente, para as sementeiras do milho. Foram seus mestres, além do seu falecido pai, depois deste ter partido, entre outros, os Nossos Queridos Amigos Bernardino Pais Baptista, e Emiliano dos Santos Lopes, que Deus os tenha no Seu Eterno descanso. Entre Março de 1961 e 01 de Agosto de 1966, a vida não lhe foi fácil. Sofreu muito, a ajudar a tratar dos campos que lhes davam o sustento da casa da família que lhe restava, avó, mãe e irmãs. Talvez, aí e dessa forma, tenha recebido a maior lição da vida. Quando saiu para cumprir a sua obrigação militar, ainda que pesaroso por, pela primeira vez, se ter de ausentar da sua Aldeia, o sacrifício que tivera, deu-lhe ânimo para procurar outro modo de vida, que não aquele que tivera até ali. Nos anos sessenta, a emigração de assalto para a França e para a Alemanha, era a melhor via para procurar melhores horizontes. Olhava para esses caminhos, mas eles causavam-lhe muito receio, por vários motivos, mas o principal era a falta de capital para pagar a quem o colocasse fora das fronteiras do nosso País. Que destino o esperava? Pergunta a si próprio, durante o tempo militar. Foi colocado no R.I. 7, em Leiria, no dia 1 de Agosto de 1966. Aí permaneceu três meses, em instrução. Após o primeiro compromisso de honra, vulgo juramento de bandeira, para defender a sua Pátria, foi colocado na Força Aérea, e seguiu para a B.A. 3, em Tancos, onde tirou a especialidade de Sapador Bombeiro, com um complemento de curso de Cabos, que obrigou a que ele permanecesse ali até meados de Janeiro de 1967. Procurou colocação nas Bases do então Ultramar Português, em Angola e Moçambique, mas, por não haver rendição das respectivas guarnições, acabou por ser colocado na B.A.5 - Monte Real, onde permaneceu entre 17 de Janeiro de 1967 e 28 de Novembro de 1968. Durante a sua permanência na B.A. 5, em Agosto de 1968, um grupo de militares seus amigos, abordaram-no e convidaram-no a seguir com eles, apresentando os documentos para concurso aos cursos da Polícia de Segurança Pública. Pouco depois, esse grupo de militares, de que ele também passou a fazer parte, foi convocado para prestar provas em Coimbra. Muito embora alimentassem a esperança de entrar na Polícia nos últimos meses de 1968, o problema da Doença do Sr. Dr. Oliveira Salazar e das consequências politicas que, então, daí se previam, obrigou a que quer ele quer os seus amigos que faziam parte do mesmo grupo, só viessem a ser chamados para os Cursos da PSP nos primeiros dias do ano de 1969. Então foi mandado apresentar na PSP de Lisboa, no dia 9 de Janeiro daquele ano. Ali encontrou novamente os seus amigos, a quem se juntou. Seguiu para Caldas da Rainha, onde frequentou o seu curso da Polícia. Muita expectativa, por nunca ter lidado com Agentes da Polícia e desconhecer totalmente as respectivas missões. Jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição de 1933. A 15 de Abril de 1969, terminado o seu curso com sucesso, regressou a Lisboa, onde recebeu instrução complementar e, colocado na 8.ª Esquadra - Rossio, passou a patrulhar a respectiva área, que era muito trabalhosa. Da sua Aldeia, seus conhecidos, acompanharam-no no ingresso na Polícia, os seus Amigos JOÃO FIGUEIRAS e HERCULANO AMARAL. Apesar das convulsões políticas da época, que o obrigaram a deslocar-se a Coimbra por duas vezes, durante duas semanas, devido às lutas estudantis nas respectivas Universidades, em Abril/Maio de 1969, acabou por abraçar a PSP de alma e coração, onde procurou progredir na carreira. Para tanto, no ano de 1970, decidiu valorizar-se culturalmente e concluiu o 2.º ano do Ciclo Preparatório, na Escola Preparatória Delfim Guimarães, em Benfica - Lisboa. Depois, perante as dificuldades que o seu trabalho lhe acarretava e de acordo com a área onde desempenhava as suas funções, frequentou os Liceus Passos Manuel e D. Pedro V, onde completou o 2.º Ciclo do seu curso Liceal. Convidado a candidatar-se ao Curso de Subchefes, sem descurar os seus estudos académicos, decidiu dar mais um passo na carreira policial e frequentou o respectivo curso no ano lectivo de 1977/1978. Promovido a Subchefe no dia 01 de Julho de 1978, para a 20ª Esquadra - Benfica, da PSP de Lisboa, aí permaneceu até 03 de Abril de 1979, altura em que foi colocado na PSP da Horta, no Arquipélago dos Açores. Regressou à Esquadra de Benfica, vindo daquele Comando, em 28 de Maio de 1980. Como a Corporação exigia, foi ministrar instrução num curso de novos Agentes, a partir de Novembro de 1980, em Torres Novas. Regressou à sua Esquadra, Benfica, em Junho de 1981. Em Outubro de 1982, iniciou o curso de Chefes, que terminou com sucesso em Junho de 1983. Promovido a Chefe a 1 de Julho de 1983, passa a desempenhar as respectivas funções, nos Comandos das Esquadras, de acordo com as respectivas vagas, conforme notícia divulgada no Jornal "Correio da Linha", de que se junta recorte. Em Maio de 1984, por imposição da progressão na carreira, foi ministrar mais um curso de novos Agentes, em Torres Novas. Quando, em Dezembro desse ano, regressou à sua Divisão Policial, então Amadora, foi colocado na 61.ª Esquadra - Reboleira, onde permaneceu até 25 de Fevereiro de 1996, altura em que foi colocado na Esquadra do Cacém, na qual tomou posse no dia seguinte, a 26 de Fevereiro. Olhando à vida que este nosso conterrâneo tivera antes de seguir para cumprir o seu dever militar, ainda que tenha tido muitos sacrifícios e sofrido muitas contrariedades profissionais, pessoais, e até na sua vida particular, tudo conseguiu ultrapassar, enveredou por uma carreira profissional muito digna e honrosa, diferente daquela em que foi criado, e libertou-se dos sacrifícios dos trabalhos nos campos. Ainda que com sacrifícios diferentes, orgulhosamente, serviu a PSP durante 36 anos, 9 meses e 21 dias, sendo jubilado em 21 de Outubro de 2005, então Comandante da 66.ª Esquadra da PSP de Lisboa, na cidade de Agualva-Cacém. As diversas missões de que foi incumbido foram enaltecidas várias vezes e destacadas com correspondentes diplomas, cujo facto lhe deu mais ânimo para continuar a luta em que sempre se empenhou de bem servir o público e a PSP. Apesar de ter conseguido progredir na carreira policial, manteve a humildade de sempre em todos os aspectos. Orgulha-se das suas raízes nas Famílias Peixeira, Pais Bernardo e Coelho do Amaral, e de ter nascido em Beijós, em cuja Aldeia cresceu e adora permanecer, no convívio com os seus conterrâneos.
Em Beijoz, até ao Quebrar dos Púcaros ainda é FESTA!
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As festas na aldeia de Beijoz são quase sempre debaixo das Carvalhas
frondosas do Parque Arnaldo de Castro ao lado da antiga escola primária:
as Feirin...