07/12/08

A INVASÃO DO ANTIGO ESTADO PORTUGUÊS DA ÍNDIA > 47 Anos depois

"Acção da Marinha Durante a Invasão do Estado da Índia (1961) Introdução Na noite de 17 para 18 de Dezembro, a União Indiana invadia os territórios de Goa, Damão e Diu. Apesar da dimensão avassaladora do ataque, as tropas portuguesas portaram-se com grande dignidade, tendo estado muito longe da imagem de debandada que se generalizou na opinião pública portuguesa. [NRP “Afonso de Albuquerque”. ] Embora se tenham registado alguns casos de pânico e de rendição prematura, também se verificaram situações de tenaz resistência, como sucedeu na ilha de Angediva e, de um modo geral, nos territórios de Damão e Diu. Talvez a falta de meios de comunicações e de uma eficiente rede de comando e controlo tenham reduzido a eficácia da resistência portuguesa (sem falar da esmagadora desproporção de efectivos), mas quando o prolongamento da luta apenas pode conduzir ao inútil sacrifício de vidas (muitas das quais civis) e a uma gratuita destruição de um património histórico milenar, a rendição torna-se a única opção inteligente. Não foi, porém, esse facto que impediu a nossa Marinha de se bater com grande brio e honrar, de forma heróica, a gloriosa tradição naval dos nossos antepassados. Acção do Aviso “Afonso de Albuquerque” Durante a Invasão de Goa »»»» No madrugada do dia 18 de Dezembro, o aviso de 1ª classe “Afonso de Albuquerque” encontrava-se fundeado em Mormugão. A sua guarnição entrara no regime de prevenção rigorosa no dia 8 desse mês. Na eventualidade de uma invasão a sua missão era defender o porto e impedir o desembarque de forças da União Indiana nas praias próximas. O Plano de Operações do Comando Naval de Goa previa, além da acção naval contra as forças navais indianas: • O encalhe em local previamente escolhido quando, na sequência do combate, corresse o risco de se afundar; • Acção artilheira como bateria costeira, defendendo o acesso ao porto; • A sua destruição quando se esgotassem as munições, a sua artilharia ficasse incapacitada ou as forças invasoras ameaçassem directamente Pangim; • E, por fim, a incorporação da guarnição no núcleo de defesa concentrado em Mormugão após o abandono do navio. Às 0640 foi recebida a bordo uma mensagem do Comando Naval informando que a invasão tinha sido desencadeada (a notícia já era, no entanto, conhecida desde as 0400, pois tinha sido transmitida pela Emissora de Goa), tendo o pessoal ocupado postos de combate às 0655. Cerca de cinco minutos depois, a aviação inimiga bombardeava o aeroporto de Dabolim e a Estação Radionaval, que foi imediatamente reduzida ao silêncio. Às 0730, porém, o navio estabeleceu comunicações com Lisboa. Até às 1030 transmitiu (e recebeu) várias mensagens para o Estado-Maior da Armada, dando conta da sua posição e dos bombardeamentos observados. Uma das mensagens transmitidas foi do Comandante-Chefe para a Defesa Nacional em que, mais uma vez, comunicava a falta de meios para fazer face ao ataque. Por volta das 0900 foram avistadas ao largo de Mormugão três fragatas indianas, tendo a guarnição ocupado os postos de combate de superfície (não existia a bordo pessoal suficiente para garantir simultaneamente as componentes anti-superfície e anti-aérea, pelo que teve de acorrer ora a uma ora a outra, conforme a ameaça do momento). Às 1200 as fragatas aproavam ao porto a grande velocidade e abriam fogo com toda a sua artilharia, tendo um dos cinco navios mercantes fundeados na baía sido atingido. O Comandante do aviso, Capitão-de-Mar-e-Guerra António da Cunha Aragão, mandou, então, picar a amarra, abrir fogo e sair o porto para enfrentar os navios inimigos. [Capitão-de-Mar-e-Guerra António da Cunha Aragão.] Destes foram transmitidos vários sinais de morse acústico que, devido ao ruído do combate, não foram imediatamente descodificados.O Comandante mandou suspender o fogo, tendo, porém, ordenado a sua continuação antes de terem sido recebidas as duas últimas letras que constituíam a única palavra da mensagem: “surrender”. Nessa altura uma das fragatas foi atingida e foi rendida por um destroyer. O “Afonso de Albuquerque” estava, porém, numa situação altamente desvantajosa, pois manobrava numa área confinada, enquanto os navios inimigos, aos rumos norte e sul, fora do porto, podiam utilizar toda a sua artilharia. Também se verificavam grandes disparidades ao nível do poder de fogo: cada fragata indiana dispunha de 4 peças de 101 mm, com uma cadência de 60 tiros por minuto (e melhor capacidade de pontaria devido à existência de direcções de tiro), enquanto o aviso português só possuía 4 peças de 120 mm, com um ritmo de 2 tiros por minuto. Não tardou, assim, que o “Afonso de Albuquerque” sofresse os primeiros impactes, um dos quais atingiu em cheio a torre directora, causando a morte do 1º grumete telegrafista Rosário da Piedade e ferindo o Comandante com gravidade. Este chamou o Chefe do Serviço de Navegação, 2º Tenente Sarmento Gouveia, e pediu-lhe que transmitisse ao Oficial Imediato a ordem de assumir o comando e de não se render. Nessa altura, outra fragata inimiga era atingida e substituída por uma nova unidade. [1º grumete telegrafista Rosário da Piedade.] Ao assumir o comando, o Imediato, Capitão-de-Fragata Pinto da Cruz viu-se confrontado com a destruição prematura da instalação propulsora, pois o Chefe do Serviço de Máquinas (que perdera as comunicações com a ponte) entendera a ordem de abertura das válvulas de fundo para alagar os paióis a ré como o início do plano de destruição do navio. Não lhe restou, então, outra alternativa senão ordenar o encalhe do navio fora do local previamente estabelecido (frente à praia de Bambolim e não à de Dona Paula), o que aconteceu por volta das 1235. Verificou, entretanto, o 2º Tenente Sarmento Gouveia que alguém içara uma bandeira branca numa das adriças. Como estava enrolada na verga de sinais (o que tornava praticamente impossível o seu avistamento pelos navios indianos, que prosseguiram o fogo) a adriça partiu-se quando se tentou arriá-la, acabando por ser retirada e destruída pelo 1º Tenente Martins Gonçalves. Mas com a torre directora inoperativa, os circuitos eléctricos avariados, os monta-cargas das peças de vante fora de acção e as duas peças de ré encravadas, o “Afonso de Albuquerque” tinha esgotado a sua capacidade combatente (efectuara cerca de 400 tiros, tendo infligido 18 baixas – 5 mortos e 13 feridos – ao inimigo), pelo que, cerca das 1250, foi dada ordem de iniciar o abandono do navio. A bandeira nacional permaneceu içada. O fogo inimigo prosseguia com grande intensidade, não só em torno do navio como também sobre a praia. Mesmo assim, um grupo de oficiais, sargentos e praças regressou ao navio, sempre debaixo de fogo, numa vã tentativa de encontrar uma embarcação que pudesse transportar o Comandante por mar até Mormugão. Em terra, o Capitão dos Portos de Mormugão(1), Capitão-Tenente Abel de Oliveira, indicou como local de reunião à guarnição do “Afonso de Albuquerque” o Clube Militar Naval, em Caranzalem (ao abandonar o navio, - a maioria a nado - o pessoal não pôde transportar consigo mais do que algumas armas individuais, pelo que não estava em condições de incorporar a defesa em terra), tendo o Comandante sido transportado numa viatura ao Hospital Escolar de Pangim. Cerca das 1300 do dia 19, a guarnição foi, por fim, aprisionada. O Comandante das forças indianas deslocou-se pessoalmente ao Hospital Escolar de Pangim para visitar o Comandante Aragão e inteirar-se do estado dos restantes feridos. No início de 1962, o “Afonso de Albuquerque” seria rebocado para Bombaim e, posteriormente, vendido para sucata, após dele terem sido retiradas algumas peças, que se encontram em exposição num museu naval daquela cidade. Acção da Lancha de Fiscalização “Vega” Durante a Invasão de Diu Tendo saído de Diu em 17 de Dezembro, a lancha de fiscalização “Vega” fundeou frente a Nagoá às 2200 do mesmo dia. Na madrugada do dia 18, por volta das 0140, foram ouvidos tiros em terra pela praça de serviço. Alertado por esta, mandou o Comandante, 2º Tenente Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo, ocupar postos de combate e suspender. Dirigiu-se, então, a lancha para junto de um contacto radar não identificado que navegava a cerca de 12 milhas da costa. Por volta das 0400, o navio, visualmente identificado como um cruzador, lançou granadas iluminantes e abriu fogo de metralhadora pesada sobre a “Vega”, que retirou para Diu e fundeou. Ás 0615 suspendeu e aproximou-se novamente do cruzador, onde foi vista, içada no mastro, a bandeira da União Indiana. A lancha regressou ao fundeadouro e Oliveira e Carmo fardou-se de branco para “morrer com mais honra”. Às 0700 foram avistados aviões a jacto efectuando bombardeamento sobre terra. O Comandante reuniu a guarnição e leu-lhes as ordens do Estado-Maior da Armada, segundo as quais a lancha deveria combater até ao último cartucho. Cerca das 0730 aproximaram-se dois aviões para bombardear a Fortaleza e o Comandante mandou abrir fogo sobre eles com a peça de 20 mm (um dos aparelhos acabaria por ser atingido e obrigado a aterrar). Estes ripostaram, matando, no ataque, o marinheiro artilheiro António Ferreira, e cortando pelas coxas as pernas de Oliveira e Carmo que, ainda com vida, retirou do bolso e beijou as fotografias da mulher e do filho pequeno. Deflagrara, entretanto, um violento incêndio, que rapidamente se propagou à casa da máquina e à ponte. A peça foi abandonada, em virtude do seu reduto se ter tornado intransitável devido aos buracos causados pelos projécteis inimigos e pelo incêndio, que atingia, já, o convés. A guarnição tentou, então, arriar o bote para evacuar o Comandante, mas um novo ataque aéreo feriu mortalmente Oliveira e Carmo, tendo também sido atingidos três marinheiros (um deles, marinheiro artilheiro Aníbal Jardim, com a perna esquerda cortada pela canela, viria a falecer no trânsito para terra). [Lancha de fiscalização “Vega”.] Com o bote inutilizado e a lancha completamente tomada pelas chamas, viram-se os sobreviventes obrigados a nadar em direcção a terra, agarrando-se os feridos a uma balsa. Após sete longas e dramáticas horas, conseguiram, por fim, chegar à praia (dois homens ficaram separados do grupo e atingiram terra em locais diferentes dos restantes), tendo posteriormente sido feitos prisioneiros. Sacudida pelas explosões das suas próprias munições, a “Vega” acabaria, entretanto, por se afundar, arrastando consigo os corpos do heróico Comandante e do seu artilheiro. Acção de Outras Unidades Navais – As Lanchas de Fiscalização “Antares” e “Sirius” Assegurando a presença naval portuguesa em Damão, a lancha de fiscalização “Antares”, sob o comando do 2º Tenente Fausto Morais de Brito e Abreu, tinha ordens semelhantes às da “Vega” para agir em caso de invasão do território. Escusado será dizer que tal invasão era, já, dada como altamente provável quando, a 17 de Dezembro, o navio saiu do porto de Damão pela última vez (tivera mesmo de o fazer, sob pena de ficar retido no porto por condicionalismos de maré). Às 0400 do dia 18 foi avistada uma luz forte em terra apontada na direcção do mar, seguida do lançamento de vários very-lights. A lancha aproximou-se de terra a velocidade reduzida e, nessa altura, o gradual apagamento das luzes da cidade até à obscuridade total, juntamente com a escuta entrecortada de algumas comunicações do Exército deram a indicação de que a invasão se tinha iniciado. Com o radar avariado e sem qualquer informação quanto à presença de unidades navais inimigas nas imediações (o nascer do dia viria a confirmar a sua ausência), a “Antares” afastou-se de terra, tendo a guarnição ocupado postos de combate às 0430. Cerca das 0700 foram avistados os primeiros aviões indianos a atacar objectivos em terra. Embora estes se tivessem aproximado diversas vezes do navio, mantiveram-se fora do alcance da sua peça. Até perto das 1800, foram efectuados mais três raids aéreos, sem que a lancha tivesse sido atacada. Afastou-se, entretanto para as 20 milhas e, mais uma vez, não foram detectadas unidades de superfície inimigas. Às 1920, perdidas que estavam todas as comunicações com terra, o farol de Damão apagado e vários incêndios a lavrar em vários pontos da costa, numa clara indicação de que o território estaria, já, ocupado, ou muito perto disso, o Comandante mandou dar volta aos postos de combate e, reunindo a guarnição, informou-a da sua decisão de seguir para Carachi, no Paquistão, de modo a evitar que a lancha caísse nas mãos do inimigo. Pretendia, deste modo, poupar o navio e os seus homens a um inútil sacrifício (só já podiam defender-se a si próprios), pois todas as informações apontavam para uma total ocupação dos três territórios portugueses na Índia. Com grandes precauções, de modo a evitar a detecção pelas forças indianas, e enfrentando condições de mar bastante desfavoráveis, a “Antares” navegou 530 milhas para Noroeste (passando cerca de 15 milhas a Sul de Diu) em pouco menos de 48 horas, tendo, no limite da sua autonomia, entrado em Carachi às 2000 do dia 20 de Dezembro. Dois dias antes, em Goa, uma outra lancha, a “Sirius”, tivera uma actuação bem mais modesta: sem nunca ter sido atacada e sem ter disparado um único tiro, fora encalhada ao mesmo tempo que o “Afonso de Albuquerque”, tendo a sua guarnição procurado refúgio a bordo de um navio mercante. [2º Tenente Jorge Manuel Catalão de Oliveira e Carmo.] [Marinheiro artilheiro António Ferreira.] [Marinheiro artilheiro Aníbal Jardim.] Cativeiro e Regresso Vinte e seis militares portugueses (dos quais cinco eram de Marinha, o que, em termos de percentagens, se traduz em baixas oito vezes superior às do Exército) tombaram na defesa do Estado da Índia. Todos os outros (exceptuando as guarnições das lanchas “Sirius” e “Antares”) foram feitos prisioneiros após a rendição. Aguardavam-nos seis longos meses de cativeiro em campos de detenção em Goa. Se as condições de internamento nesses campos foram bastante duras, pode-se dizer que, salvo alguns casos pontuais de maus tratos, os militares indianos se comportaram com exemplar dignidade e compostura, evidenciando, em quase todos os momentos, uma sólida disciplina herdada do Exército Britânico. Ficaram, contudo, extremamente espantados ao verificar que a população goesa, longe de demonstrar grande alívio por ter sido “libertada da opressão colonizadora”, se desfez em manifestações de carinho pelos militares portugueses, fazendo-lhes chegar alimentos, roupas e medicamentos através do arame farpado e lamentando de viva voz a adversa situação em que estes se encontravam. Não era intenção da União Indiana reter os prisioneiros por muito mais tempo. As negociações arrastaram-se, entretanto, devido ao facto do estado português pretender, antes do mais, uma garantia da salvaguarda de vidas e bens nacionais, assim como da protecção da minoria goesa. Só depois da ida a Goa do Engenheiro Jorge Jardim, enviado propositadamente para obter a satisfação de certas exigências(2), Lisboa se preparou para receber os prisioneiros. Não teve honra nem glória o seu regresso, tendo muitos sido, então, chamados a depor em longos e traumatizantes interrogatórios cujo principal objectivo era o de encontrar culpados pela situação a que se chegara Seria publicada, dali a uns tempos, uma longa lista de castigos disciplinares, que passavam por demissões, reformas compulsivas e inactividade por períodos de seis meses. Também foram publicados louvores e recompensas, muitos deles justos, a premiar actos de grande heroísmo, outros enaltecendo acções triviais enquanto outras de grande valor foram, pura e simplesmente, ignoradas. Conclusão Ainda não podemos afirmar que a História reabilitou os militares portugueses “apanhados” na torrente dos graves acontecimentos de Dezembro de 1961. Na verdade, o assunto continua a gerar bastante controvérsia e talvez nem daqui a dez anos (limite do prazo mínimo geralmente aceite para uma análise histórica “a frio”) esteja devidamente esclarecido, pois estarão ainda vivos bastantes elementos directamente envolvidos no chamado “Processo da Índia”. E, embora esse processo tenha sido reavaliado logo após a queda da ditadura, com a consequente anulação das penas disciplinares impostas, os antigos prisioneiros da União Indiana ainda hoje reclamam o pagamento das pensões que lhes são devidas pelo Estado. É certo, porém, que estamos agora em melhor posição para compreender a terrível situação daquele punhado de homens cujas únicas opções eram a morte ou a desonra. Mas se não temos moral para julgar aqueles que depuseram as armas, pois limitaram-se a ser humanos, saibamos honrar a memória dos que com a sua coragem, abnegação e sacrifício se souberam guindar às alturas do sublime! Notas (1) O Comando Naval, que se estabelecera em Dona Paula após o bombardeamento do Palácio do Hidalcão, em Pangim, já dali se retirara. Quando, no decurso dos combates, a praia fora atingida, encontrara a morte o 1º Sargento escriturário Santa Rita. (2) Na verdade, Portugal apresentava um pequeno “trunfo”: logo após a invasão, o Ministério do Ultramar emitira uma ordem de prisão para os cidadãos indianos residentes em Moçambique, tornando-os, deste modo, moeda de troca. Tinha, entretanto, sido emitida a exoneração do General Vassalo e Silva, de modo a diminuir a sua importância enquanto prisioneiro. Bibliografia ANTÓNIO, CALM J. S. Félix, “Últimos Combates Navais na Índia Portuguesa”, Revista da Armada, nº 240, Fevereiro de 1992, Lisboa, p.p. 21-25 COSTA, CTEN REF R., “A Marinha na Índia (1947-1961)- I Parte”, Revista da Armada, nº 303, Novembro de 1997, Lisboa, p.p. 17-20 COSTA, CTEN REF R., “A Marinha na Índia (1947-1961) – II Parte”, Revista da Armada, nº 304, Dezembro de 1997, Lisboa, p.p. 17-20 COSTA, CTEN R., “O Último Navio Português de Damão”, Revista da Armada, nº 254, Maio de 1993, Lisboa, p.p. 17-20 CRESPO, CMG Manuel Pereira, “A Invasão do Estado da Índia pela União Indiana”, Anais do Clube Militar Naval, nºs 1 a 3, Janeiro/Março de 1962, Lisboa, p.p. 207-216 MORAIS, Carlos Alexandre de, A Queda da Índia Portuguesa, 2ª edição, Lisboa, Editorial Estampa, 1995 Relatório do Comandante Militar, Brigadeiro António José Martins Leitão, 1962 Relatório do Comandante Naval, Comodoro Raul Viegas Ventura, 1962 Agradecimentos Ao Sr. Professor Adriano Moreira, pelos prestáveis esclarecimentos e precioso testemunho."

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